quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Os bravos guerreiros que a história nos deu.


Como todos os anos, mais de uma vez, o assunto que rola na internet é o preconceito com a gente, os nordestinos. Todo acontecimento que tiver no Brasil, vem tabacudo puxar pra xenofobia, seja política, cultura, sotaque e até, pasmem, carnaval.  

Pro Rua do Sol ter sido criado, deduz logo que temos orgulho de ser arretados. Poderia citar uma tuia de coisa que me deixa mais orgulhosa de ser nordestina, mas preferi focar em um grupo que não deixa questionamento da capacidade de ser nordestino, é de ser foda

Creio que o Brasil tem uma sorte danada de ser abençoado por gente que tem uma inteligência tão massa, que chega a se destacar e fazer a diferença, não só pra região, como no Brasil, e o caba toma uma proporção tão gigantesca que chega a ser de conhecimento de todo o mundo. Então esse ponto foi o meu escolhido, mostrar grandes nomes nordestinos que tem uma inteligência inquestionável
 (sim, eu sei que o blog é sobre Pernambuco, mas vai ser sobre o nordeste esse post). 

Então lá vai 4 nordestinos que marcaram, marcam e sempre marcarão:

1 -  Josué de Castro

Foto de Reprodução: reciferesiste.
 
O meu primeiro escolhido foi o Josué de Castro, ele nasceu no Recife, em 1908, era um ativista político e mesmo sem o diploma de Geógrafo, foi considerado um dos mais importantes pensadores geógrafos, tal título foi caracterizado pelo seu pensamento de que a fome e a miséria no mundo não eram resultado do excesso populacional e da escassez de recursos naturais, o contrário do que falavam naquela época.  Suas obras, como Geografia da Fome e Geopolítica da fome, provaram que a fome era causada pela má distribuição de riquezas, por isso ele acreditava que a fome não acabaria se fosse aumentado a produção alimentícia, mas com uma melhor distribuição de recursos e terras, para os trabalhadores produzirem. E sim, mundiça, este é o Josué que Chico Science citava na música Da Lama Ao Caos: 

"Ô Josué nunca vi tamanha desgraça,
 quanto mais miséria tem, mais urubu ameaça." 

No livro Geografia da Fome, Castro cita: 


“Interesses e preconceitos de ordem moral e de ordem política e econômica de nossa chamada civilização ocidental tornaram a fome um tema proibido, ou pelo menos pouco aconselhável de ser abordado”.

2 -  Graciliano Ramos

Foto de Reprodução: uiadiario
  Vindo de Quebrangulo, sertão de Alagoas, Graciliano Ramos foi o primeiro de dezesseis filhos de Sebastião Ramos de Oliveira e Maria Amélia Ferro Ramos, cresceu em Viçosa (AL) e Buíque (PE) enfrentando a seca do nordeste e as surras do seu pai, o que o fez acreditar desde menino que todas as relações humanas se movem pela violência. Graciliano trabalhou como revisor e escritor de vários jornais e revistas. Em 1904, criou o jornal O Dilúculo, direcionado às crianças. Ao longo de sua vida recebeu vários prêmios literários, escreveu livros que retratavam sua vida, tanto em relação do convívio com o seu pai, a seca do nordeste e quando foi  preso em 1936, acusado de informalmente ter conspirado no levante comunista de novembro de 1935, onde foi preso em Maceió, levado pro Recife, embarcado pra diversos lugares, para em 1937 ser libertado. Grande parte de seus livros, são objetos indispensáveis na educação até hoje, ao estudar a literatura brasileira, entre eles, destaca-se: Vidas Secas, Caetés, Angustia, Infância. 


"Comovo-me em excesso, por natureza e por ofício. Acho medonho alguém viver sem paixões.''

3 - Dom Helder Câmara

Foto de Reprodução: palavrasescritasdfs
  "Irmão dos pobres e meu irmão", assim o Papa João Paulo II descreveu Dom Helder Câmara na sua vinda ao Recife em 1980. Décimo-primeiro filho de uma família com treze irmãos, nascido em Fortaleza, Hélder Pessoa Câmara era filho de um jornalista com uma professora, aos 14 anos entrou no Seminário de Prainha de São José, em Fortaleza, onde cursou filosofia e teologia. Em 1931 ordenou-se sacerdote, logo depois foi nomeado diretor do Departamento de Educação do Estado do Ceará, onde ficou por 5 anos. No Rio de Janeiro, se destacou pelas suas atividades sociais. Fundou a Cruzada São Sebastião e o Banco da Providência, entidades com finalidade de ajudar os mais pobres. Foi nomeado Arcebispo de Olinda e Recife, um pouco antes do golpe militar, dias depois, soltou o verbo apoiando a ação católica operária em Recife, logo, foi acusado de demagogo e comunista, Dom Hélder foi proibido de se manifestar publicamente.

   Mesmo com sua liberdade privada, Dom Hélder tinha sua imagem cada vez mais importante, passou a fazer conferências e pregações no exterior, desenvolvendo atividades contra a exploração e a favor dos mais pobres. Em 1970, fez um pronunciamento em Paris, denunciando pela primeira vez a prática de tortura aos presos políticos no Brasil. Foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz, aposentou-se com mais de 500 comunidades eclesiais de base já organizadas, e em 1990, lançou a campanha: "Ano 2000 Sem Miséria". Dom Hélder Câmara, também deixou seus pensamento registrados em diversos livros, e teve proporções tão grandes, que foram traduzidos em várias línguas, sua atividade política, social e religiosa, é reconhecida até hoje no mundo inteiro.

"As pessoas são pesadas demais para serem levadas nos ombros. Levo-as no coração.''

4 -  Gonçalves Dias


De Caxias, no Maranhão, aluno de Direito em Coimbra, Gonçalves Dias foi um dos principais escritores da primeira fase do Romantismo Português.

"Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que disfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá".

Inspirado na convivência com a saudade da pátria amada, escreveu Canção do Exílio, poema que ficou tão marcado, que é citado no Hino Nacional Brasileiro.

"Do que a terra, mais garrida,
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores;
"Nossos bosques têm mais vida",
"Nossa vida" no teu seio "mais amores."


Só com esse pedacinho, a gente já percebe a influência que o caba teve, mas tem mais,quando Gonçalves Dias voltou ao Brasil, viveu no Rio de Janeiro, foi nomeado professor de Latim e História, fundou a revista literária "Guanabara". Em 1851, a mãe de Ana Amélia Ferreira não concordou com a paixão da filha com o mestiço, em seu poema "Ainda uma vez, Adeus", foi escrito para Ana Amélia. Frustado na vida amorosa, casou-se com Olímpia Carolina da Costa, mas 4 anos depois, se separou. Foi nomeado para a Secretaria dos Negócios Estrangeiros, na Europa teve missão oficial de estudos e pequisas, na Alemanha foi livreiro-editor do Brockhaus. Voltou ao Brasil, navegou pelos rios Madeira e Negro, com missão científica de exploração. Suas obras são enquadradas no Romantismo. Formou um sentimento nacionalista ao incorporar assuntos, povos e paisagens brasileiras na literatura nacional.  Ao lado de Josué de Castro, desenvolveu o Indianismo.  


Só com esses 4 nomes (ainda tem uma tuia), percebemos que o que o nordestino não é, é "burro" "sem cultura" (sim, teve uma alma que disse que nordestino é sem cultura, eu e minha vontade de dá um tibefe na cara desse cidadão.), "pobre", "vagabundo", "jumento" ou "acomodado".  :)

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