sexta-feira, 10 de julho de 2015

Por onde anda: XVI Fenearte


"Mestre Nuca transformava o barro em poesia para os olhos, 
e o Louro do Pajeú, escupia cada palavra seu repente.
 Retratavam a vida, com linguagens diferentes e 
falando o idioma da alma, se uniram eternamente."



  
    Desde o dia 2 de Julho, está acontecendo a XVI Fenearte (Feira Nacional de Negócios do Artesanato) no Centro de Convenções em Olinda. A feira vai está te esperando até 12 de Julho, com mais de 5 mil expositores de todo o mundo, lógico que os Pernambucanos são maioria (de "P" em caixa alta pra esbanjar nosso privilégio), só que esse ano, a Fenearte bateu seu próprio recorde de participação internacional, são 51 países diferentes, e entre os calouros da feira estão os EUA, Coréia do Sul, Fiji, Kuwait e Tanzânia; mas nossos veteranos continuam marcando presença, Peru, Colômbia, Egito e Dubai, são uns deles.




    Os homenageados dessa edição são dois artistas Pernambucanos, que continuam aflorando todos os nossos sentidos. Com a missão de transformar barro em poesia, o Manoel Borges da Silva, nosso eterno Mestre Nunca, nasceu no engenho Pedra Furada em Nazaré da Mata, mas aos três anos de idade, mudou-se pra Tracunhaém. Lá, desde criança conviveu com ceramistas, e desde já, descobriu-se admirador dessa arte. Mestre Nunca começou a fazer e vender esculturas de cerâmica nas feiras na década de 1940, mas só em 1968, quando escupiu o primeiro leão, se reconheceu artista. A característica mais marcante desse leão foi sua juba encaracolada, tiradas dos cabelos de bonecas, ideia da sua esposa, Maria Gomes da Silva, daí veio a famosa frase tão dita pelo Mestre: "O leão é meu. O cabelo dela". Em 2005, Mestre Nuca recebeu o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco, mas dia 27 de Fevereiro do ano passado, o Mestre nos deixou.




    O outro homenageado da XVI Fenearte é Lourival Batista Patriota, o Louro do Pajeú, nascido dia 6 de Janeiro de 1915 e nos deixou 5 de Dezembro de 1992. O Louro do Pajeú é considerado o rei do trocadilho até hoje, ele concluiu o curso ginasial em 1933 no Recife, de onde saiu para fazer suas cantorias. Foi e é um dos mais famosos poetas populares do nordeste brasileiros. A família era toda repentista, seus irmãos Dimas e Otacílio Batista e era genro do poeta Antônio Marinho.


                      Pra quem não conhece, tem duas poesias (as minhas preferidas) pra tu conhecer:


                         "Procuro porém não acho,                                           "  É muito triste ser pobre
                poeta que me dê choque.                                              Para mim um mal perene 
               Canto de qualquer maneira,                                         Trocando o "P" pelo "N",
             quem quiser que me provoque.                                       É muito alegre ser nobre
               O gênio manda que eu diga,                                        Sendo com "C" fica cobre
              a viola manda que eu toque."                                        Botando um "T" fica touro
                                                                                                     Como a carne vendo a pele
                                                                                                       O "T" sem o traço é "L"
                                                                                                        Termino só sendo Louro."


    Uma outra novidade dessa edição, é a exposição de diversas peças de arte popular, que têm referência a família Campos, uma forma de agradecer ao ex-Governador de Pernambuco, Eduardo Campos, falecido ano passado, e à sua viúva, Renata Campos, pela paixão e desejo de disseminar ainda mais a nossa cultura.

    Antes de entrar na feira, você se depara com o Espaço Interferência Janete Costa, com trabalhos expostos de 51 artesões pernambucanos, trazendo novos olhares sobre o artesanato, arte popular e design artesanal. O espaço ainda conta com rodas de discussão e palestras.




    Ainda tem exposição das obras concorrendo ao prêmio de juri popular, lá no Alameda dos Mestres Janete Costa.



    A proposta final da Fenarte é incentivar a produção cultural e artesanal, não só em Pernambuco, mas em todo o Brasil. Um dado bem representativo dessa proposta é que durante os três primeiro dias da feira, aconteceu rodadas de negócios para incrementar as vendas, cerca de 25 compradores nacionais e 6 internacionais estavam presentes para negociar com os artesãos pernambucanos, movimentando cerca de R$ 5 milhões. Então, nada mais justo do que a gente fazer nossa parte ir visitar a feira, que a cada ano surpreende mais com tanta coisa bonita.


Onde? Centro de Convenções de Pernambuco - Complexo de Salgadinho, s/n, Olinda
Quando? Vai até dia 12 de Julho, esse Domingo.
Que horas? Sexta das 14h às 22h
                     Sábado e Domingo das 10h às 22h
Me diz quanto foi? Sexta: R$ 10 (inteira) R$ 5 (meia)
                                 Sábado e Domingo R$ 12 (inteira) R$ 6 (meia).



Dica da Yaya: Cada 15 min (na maioria das vezes menos), sai uma vam do Shopping Tacaruna até o Centro de Convenções, e a mesma coisa da volta, do Centro de Convenções até o Shopping Tacaruna, tu pode deixar o carro no shopping e pegar a vam, ou se tu vai de busão e ele te deixa na frente do Shopping Tacaruna, tu pega a vam também. O melhor de tudo: 0800. 

Depois chega aqui e me diz o que tu achou!! Xero 

Um comentário:

Como em qualquer rua, as conversas entre vizinhos, a fofoca ou apenas contemplar a paisagem - seja ela qual for, é comum e sempre bem vindo. Então fica à vontade.